domingo, 22 de março de 2009

Sexo...

É forte. É jovem. A ardente labareda do sexo corre por suas artérias em sacudidas elétricas. O prazer já foi descoberto e o atrai como a coisa mais simples e maravilhosa que lhe teriam mostrado. Antes o ensinaram a esconder a imundície do baixo-ventre e seu rosto de criança se enrugou numa interrogação inconsciente. Depois o primeiro amigo lhe revelou o segredo. E o prazer solitário foi corrompendo a pureza da alma e lhe abrindo prazeres até então desconhecidos.

Já passou aquele tempo.

Agora, forte e jovem, busca um objeto em quem esvaziar sua taça de saúde. É um animal que procura singelamente uma saída à sua potência natural. É um animal macho e a vida deve dar-lhe a fêmea em que se complete, aumentando-se.

Por isso procura. A irmã cresceu como ele; como ele, é forte e poderosa; a juventude já lhe fez as ânforas do peito e os olhos que guardam o desejo. Mas ela é sua irmã. E uma lei castiga o amor entre ambos.

Porém há mais mulheres. As ruas revelam centenas de fêmeas inquietas e vigorosas e o homem busca de novo. Mas descobre que a entrega de uma dessas mulheres traz uma coisa divertida e extraordinária: a "desonra" de que quis, como ele, gozando um prazer para o qual a natureza lhe deu um órgão.

Então, o homem jovem, que é honrado, aprende a conhecer a moralidade hipócrita que foi inventada para impedir a plena eclosão de suas propensões físicas.

Contudo, sempre busca. E há a casa do prazer. Mas o homem, que é puro, reduz sua necessidade natural e despreza, compadecendo-se, a máquina que lhe há de dar o prazer a tanto por hora. E então o homem jovem e forte sente uma onda de raiva contra os estúpidos que fizeram o marco quadrado e rígido em que deve meter a sua vida. Despreza e odeia a lei que lhe vai dando no rosto uma chibatada por cada tentativa de seu ser no sentido do que todos fazem como larvas escuras nos recantos ocultos e sente desejo de voltar sua raiva sobre os que lhe deram o desejo ancestral que, como um gancho enorme, o amarra à vida. E deixa de ser puro e quer comprar amor.

Porém é pobre. E pensa que o prazer e tudo o que fizeram sobre a terra, incluída a própria terra, é para os que são donos de tudo e obrigam, a ele, fardo de desejos naturais, a ser um móvel grudado ao ouro dos outros.

3 comentários:

  1. Texto digno de Literatura (conto) Marginal. Gostei

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  2. Texto digno de Literatura Marginal, esses Contos Anti Herois acho "massa".

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  3. Eu gosto da literatura marginal... Me apetece escrever a partir dessa perspectiva...

    Valeu, Historiador!!!

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