É forte. É jovem. A ardente labareda do sexo corre por suas artérias em sacudidas elétricas. O prazer já foi descoberto e o atrai como a coisa mais simples e maravilhosa que lhe teriam mostrado. Antes o ensinaram a esconder a imundície do baixo-ventre e seu rosto de criança se enrugou numa interrogação inconsciente. Depois o primeiro amigo lhe revelou o segredo. E o prazer solitário foi corrompendo a pureza da alma e lhe abrindo prazeres até então desconhecidos.
Agora, forte e jovem, busca um objeto em quem esvaziar sua taça de saúde. É um animal que procura singelamente uma saída à sua potência natural. É um animal macho e a vida deve dar-lhe a fêmea em que se complete, aumentando-se.
Por isso procura. A irmã cresceu como ele; como ele, é forte e poderosa; a juventude já lhe fez as ânforas do peito e os olhos que guardam o desejo. Mas ela é sua irmã. E uma lei castiga o amor entre ambos.
Porém há mais mulheres. As ruas revelam centenas de fêmeas inquietas e vigorosas e o homem busca de novo. Mas descobre que a entrega de uma dessas mulheres traz uma coisa divertida e extraordinária: a "desonra" de que quis, como ele, gozando um prazer para o qual a natureza lhe deu um órgão.
Então, o homem jovem, que é honrado, aprende a conhecer a moralidade hipócrita que foi inventada para impedir a plena eclosão de suas propensões físicas.
Contudo, sempre busca. E há a casa do prazer. Mas o homem, que é puro, reduz sua necessidade natural e despreza, compadecendo-se, a máquina que lhe há de dar o prazer a tanto por hora. E então o homem jovem e forte sente uma onda de raiva contra os estúpidos que fizeram o marco quadrado e rígido em que deve meter a sua vida. Despreza e odeia a lei que lhe vai dando no rosto uma chibatada por cada tentativa de seu ser no sentido do que todos fazem como larvas escuras nos recantos ocultos e sente desejo de voltar sua raiva sobre os que lhe deram o desejo ancestral que, como um gancho enorme, o amarra à vida. E deixa de ser puro e quer comprar amor.
Porém é pobre. E pensa que o prazer e tudo o que fizeram sobre a terra, incluída a própria terra, é para os que são donos de tudo e obrigam, a ele, fardo de desejos naturais, a ser um móvel grudado ao ouro dos outros.
Texto digno de Literatura (conto) Marginal. Gostei
ResponderExcluirTexto digno de Literatura Marginal, esses Contos Anti Herois acho "massa".
ResponderExcluirEu gosto da literatura marginal... Me apetece escrever a partir dessa perspectiva...
ResponderExcluirValeu, Historiador!!!